domingo, 10 de outubro de 2010

Um caminho costumaz


Algum tempo sem escrever, por motivos diversos. Manter uma rotina é algo que nunca me acostumo, mas tentarei, até mesmo como um exercício crítico.

E por falar em crítica, o que foi as eleições? A democracia está cada vez mais se afastando do pensamento sério dos burocratas e tecnocratas conservadores e indo direto parar nos braços do povão. Parece gozação..., e realmente é!! Agora que a lei seca foi derrubada as zonas eleitorais parecem mais feiras, e é muito bom o reencontro com as pessoas, as conversas e discussões sobre os melhores candidatos. Alguém conhece um Ficha Limpa?? Dizer é muito fácil, mas você bota a mão no fogo por isso?
Observei que as ruas estavam atoladas de folhetos e santinhos dos candidatos, como sempre. O que realmente chamou a minha atenção foi a ausência de papeis do PV. Procurava e não achava um sequer nas ruas. Comentei sobre isso e disseram que é por que o PV não tem dinheiro para imprimir material gráfico. Eu prefiro pensar que é pela causa ambiental e preservação urbana (isso existe?)
Conheço o PV há algum tempo já. Época em que trabalhava como garçom nos aniversários de Juca Ferreira, e simpatizava muito com a ideologia, atitudes do partido. A fauna e flora do PV também era muito interessante – se é que me entendem!
Depois do Boom das eleições o Partido Verde foi colocado em um pedestal sobre a sua atuação dentro do processo eleitoral para presidente. O espólio de 20 milhões de votos começou a ser discutido e nem pediram a minha opinião. Se eles acham que eu vou votar em quem eles indicarem – KA KA KA. O buraco é mais pra cima

E como ninguém é de ferro, uma semana depois tem a Parada Gay na cidade de Lauro de Freitas. Acho que uma boa hora de angariar votos! A comunidade colorida (não inclui necessariamente a classe dos Emos, até por que não sei se eles têm idade de votar, ou se tem interesse nisso). O fato é que a classe gay está elegendo seus próprios representantes – aos poucos, pois segundo comentários a classe não é unida. Estou pra ver qualquer classe unida.

E como ninguém é de ferro, elegeram Tiririca para deputado, só falta esperar que ele cumpra a sua promessa e diga o que REALMENTE um deputado faz! Mas estão tentando tirar o palhaço do caminho alegando que ele é analfabeto. Acho que vamos entrar num ciclo vicioso.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Dinosaur Jr. em Salvador - o show


Nessa semana, logo após o show do Dinosaur Jr. virou um clichê dizer que ficou surdo durante a apresentação da banda tamanho era o volume do seu som, mas essa é só a mais pura verdade, eu vi alguma pessoas a partir da segunda música subindo as escadarias da Concha Acústica tentando preservar um pouco de sua audição. É, realmente o paredão de amplificadores de J.Mascis faz a diferença, suas Fender Jazz Máster e seus pedais (Fuzz(pelo menos uns 3), Phaser, Tremolo, entre outros) também! J. Mascis se limitou a tocar e sussurar as músicas, ninguém vai me convencer de que ele canta, mas foi um puta show. No meio, Murph sentava a mão na bateria e do outro lado Lou Barlow era o mais simpático, agradecendo e agitando muito.
No público, uma galera sedenta a pelo menos uns 15 anos assistia uma das maiores lendas do rock alternativo mundial, enquanto outra turma que tinha acabado de conhecer a banda nas últimas semanas e pesquisado no Wikipédia, se mostrava empolgada e tentando cantar as músicas, o que é muito bom. Numa geração que acha que Restart é rock, uma banda como o Dinosaur Jr. pode ser redentora!
Eu conheci seu som com o “Where you been” através de meu amigo Jonas – o Imortal – e de lá pra cá busquei me aprofundar cada vez mais em seu repertório. Foi engraçado ver alguém se questionando se eles tocariam algum cover do Nirvana e de repente, como já era esperado por muitos, eles atacam de Just Like Heaven, do Cure, matador! Rolaram sons de várias fases, uma verdadeira coletânea de hits do underground (Freakscene, Feel the Pain, Forget The Swan,...), uma porrada de guitarras pra gosta de guitar bands! Eita termo mais antiquado!
Bem, eu estou surdo... e você?

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Dinosaur Jr. em Salvador!



Bem, eu estava preparando um comentário a respeito desse álbum aí do lado, mas fui surpreendido com a notícia de que está confirmado o show do Dinosaur Jr. na Concha Acústica de Salvador nos dias 25 ou 26 de setembro! Com isso, o comentário eu vou postar depois! Por enquanto é comemorar escutando seus clássicos em "You're Living All Over Me", "Green Mind" e outros.
O Dino é uma banda americana formada em 1984 por J Mascis, Lou Barlow e Patrick Murphy e sua sonoridade se caracteriza pela urgência do punk rock, porém com uma influência muito grande de Neil Young e Beach Boys, grandes fãs dos Ramones e dos Stooges, a principal marca do seu som é a guitarra de J Mascis carregada de distorções, feddbacks e volume ensurdecedor, solos intermináveis e, geralmente, improvisados, seu jeito desleixado de cantar, mais uma dinâmica "silêncio-barulho-silêncio-barulho e mais barulho de novo" que mais tarde faria a fama do Pixies e Nirvana.
Fiquem com a discografia dessa grande banda!

Discografia:
Dinosaur (1986)
You're Living All Over Me (1987)
Bug (1988)
Green Mind (1991)
Where You Been (1993)
Without A Sound (1994)
Hand It Over (1997)
Live At The BBC (2000)
Beyond (2007)
Farm (2009)

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Da série: Crônicas da Vida Cotidiana


Crônica do Pé do Oiti.


Na pitoresca cidade de Lauro de Freitas há uma árvore que é o centro das conversas e reuniões da comunidade. Pode ter certeza que notícias e informações são transmitidas sob a sombra dela. Trata-se de um Pé de Oiti. É de importância tão grande na vida social e política da cidade, que a comunidade tratou logo de homenageá-la, fazendo um feriado Municipal. Uma festa. Uma Grande Festa, onde se distribui licor e tem apresentações de bandas na praça que circunda a Árvore – É a Lavagem do Pé do Oiti- que acontece no último sábado do ano.

Tenho um amigo que é cubano, e que a mãe veio visitar no início de ano de 2010. Aconteceu de em certa ocasião de conversa, num jantar, meu pai comentar sobre essa festa. A senhora cubana não entendia direito.

Meu pai então pediu ao meu amigo, que já morava aqui por seis anos e dominava bem tanto o português quanto o espanhol, que explicasse a ela o que era a Lavagem do Pé do Oiti e sua importância na vida cultural, social e política na cidade.

Meu amigo pacientemente se virou pra mãe e procurava palavras para explicar toda a história, mas ao invés disso ficou por longos 20 segundos em silêncio. Então ele se vira pra mim e num tom confessional me pergunta:
- Como vou explicar a ela que fazem uma festa para uma árvore?


A noite terminou com muitas risadas e discussões em torno das diferenças e semelhanças culturais.

As Memórias e Os Caminhos.


Em Abril de 2010 eu apresentei um espetáculo como diretor e autor. Foi um trabalho a parte do grupo de teatro do qual faço parte. Um trabalho independente. Para isso contei com a ajuda de diversas pessoas trabalhando nas áreas de cenografia, iluminação, acessoria, composição da trilha. Foi um bom projeto com um excelente resultado.


Na criação do programa houve um texto que por motivos de espaço físico no papel acabou não sendo publicado. Trata-se de uma anotação que eu fazia enquanto trabalhava com o ator Venício Coelho durante o processo de montagem.

O nome do espetáculo é Memórias Apagadas e faz partede um projeto que se chama CARTAS


Abaixo segue o texto tal qual tirei do caderno de registro.

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Reflexões do processo de criação do espetáculo Memórias Apagadas.

19 de agosto de 2009

Depois de um tempo maturando e escrevendo sobre as possibilidades do espetáculo, sobre os caminhos que devo seguir, mas principalmente sobre os caminhos que quero tomar, surgiu uma estrada sobre o qual eu ainda não havia pisado. O de contar o que seria não uma história, mas um sentimento. Venho há muito tempo com sentimentos diversos sobre a recente história da humanidade. Não é um sentimento que traduz com pena ou acusações de culpa, colocando o ser humano como algoz na destruição da terra, e consequentemente na destruição de si próprio. O homem traz em si necessidades. Óbvio que a consciência de um uso adequado é relevante para a melhor qualidade de vida de todos. Mas dentro dessa história de preservação e autodestruição há o item das relações entre homem e o próprio homem. São essas relações que quero levar adiante dentro do processo do trabalho.
Dentro desse caminho, o espetáculo surgia como uma carta, escrita e visual, que não há destino específico. É de quem a pegar. E ainda que alguém a pegue, ela continuará seu caminho para que outras pessoas leiam (mesmo as que não sabem ler palavras).
A Linha da carta vai girar em torno da condição humana atual. De chamar a atenção para o comportamento entres os homens, de quando a liberdade é comprometida pelas ações e atos. Não necessariamente seguirá uma ordem lógica.
Mas qual seria o objetivo desse trabalho?
Entregar a carta? Fazer com que a carta seja lida? Fazer com que as pessoas entendam a carta?
Haverá uma história na carta? Uma linha que seguirá uma lógica? Que história seria essa?
Que tipo de espetáculo será esse? Será um espetáculo?
Palavras são só palavras. Mas essas que trago comigo tem caminhos que não mais me pertencem.
As palavras que trago não são carregadas com qualquer sentimento que posso desviar do destino a qual a conduzem. Não são minhas palavras. Não sou eu o destino.
Uma carta tem como alma a mensagem. A entrega. Eu sou isso. Sou a entrega. Eu sou a carta.
O que eu, que sou carta, venho dizer? O que eu, que sou carta, venho entregar?

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Madrugada - Industrial Silence (1999)








Um grande começo pra essa banda norueguesa, um disco corajoso que aposta em numa sonoridade alternativa moderna, mas calcada no blues psicodélico de Eric Burdon na transição dos 60/70, pesado na medida certa, esse é Madrugada na sua primeira bolacha, Industrial Silence. Vocal é a primeira música com um stell guitar blueseiro de extremo bom gosto mostrando de onde eles vieram, alternando fúria e doçura, numa grande interpretação com vocalizes e sussurros, grande canção. Em beautyproof surge um rock mais básico e direto, mas com o destaque do stell que vai marcar todo o disco. Shine é uma balada daquelas de dançar juntinho enquanto busca estrelas cadentes, escute a música que você vai entender! Higher vai buscar uma distorção punk para executar a música mais nervosa do álbum, que incrivelmente nos apresenta uma gaita e a voz uiva nos lembrando um pouco os uivos de Iggy Pop, outra influência marcante. Em sirens a introdução progressiva, pinkfloydiana até, antecede uma letra que fala sobre sereias, maldições e solidão. Strange colours blue não poderia ser mais Leonard Cohen em sua interpretação e uma guitarra derramando arpejos e flamenco. This old house começa com violão e gaita numa pegada folk irresistível, vão surgindo bateria e um órgão, até a voz de Sivert Hoyem começar suavemente a contar a história de crianças e suas memórias nessa velha casa, de onde mais uma vez pode se assistir a queda das estrelas, Dylan e Birds por aqui. Outra vez Cohen, blues dramático, a fuga é desesperada, esta se chama eletric. Em salt, um clima de wester invade o sallon, pensei em Nick Cave, são tantas referências nessa música, mais flamenco, tremolo, tom declamatório, surge uma voz discursando por baixo da principal é o apocalipse, gritos e anfetamina! Depois de tantas músicas ótimas, belladonna é um ponto baixo no álbum, não é ruim, mas nada acrescenta. Norwegian hammerworks corps. fala sobre a escravidão do trabalho, e fala mesmo, pois nessa música Hoyem simplesmente declama a letra sobre uma base digna do New Model Army, e canta na redenção ao se encontrar “nas mãos do amor”. Na penúltima música um quase blues pouco inspirado, quite emotional, quatro minutos e meio de música que não nos levam a lugar algum. Terraplane é uma oração sobre uma base jazzística, piano e bateria esparsos, Thelonius Monk ficaria satisfeito. É isso, o álbum começa alto e chega ao fim aos sussurros, alguma irregularidade e grandes canções, muitas e boas influências, o Madrugada, banda norueguesa, lançaria mais cinco álbuns, um deles ao vivo, em 2007 com a morte do guitarrista Robert Burảs a banda chega ao seu fim lançando o seu álbum homônimo em 2008.
A minha cópia desse álbum eu adquiri numa lojinha da Avenida Sete, centrão de Salvador, que hoje virou uma barraquinha de conserto de relógio. Eu buscava um som que eu ainda não conhecesse, o dono da loja me apresentou Pixies, Smashing Punpkins, The Fall, Nick Drake, tentando me surpreender sem sucesso, eu já era apaixonado por tudo isso, sua última carta foi o Madrugada, uma ex-namorada dele tinha trazido da Noruega uns cinco exemplares que ficavam praticamente escondidos lá embaixo do balcão, esse era o penúltimo a ser vendido, o outro era dele, valeu a pena! Assim como vale pedir pra algum amigo que viaje pro exterior procurar ou importar mesmo, vou deixar nos comentários um link que NÂO está hospedado nesse blog, daí você escuta, conhece, deleta e procura comprar o original! Boa sorte!

Strange Colour Blue
http://www.youtube.com/watch?v=BE3qK0iiKc8&feature=related

domingo, 1 de agosto de 2010

Vamos apagar as velhinhas! (Opss...quero dizer; Apagar as velinhas.)

Emancipação de Lauro de Freitas.

São 48 anos de uma parte da história dessa cidade. Nem tão nova assim, vai! A igreja matriz localizada no centro de Lauro de Freitas tem sua data de fundação de 1608 – uma das mais velhas da Bahia.

Nesse sábado então teve festa! Que bom!
O povo então colocou a melhor roupa, colocou aquele conhecido desodorante vencido e foi esquecer os problemas ao som de pagodes, reggae e outros ritmos- (menos rock – aí também é demais também!)

O convidado ilustre e bem pago era Jorge Aragão.
É dia de festa. E como acontece quando tem festa, se esquecem as mazelas. Ninguém padece de qualquer tipo de problema. Não há uma plataforma de reivindicar direitos e melhorias. Não exigem promessas não cumpridas.

As eleições estão chegando e um candidato (Ou candidata – algo assim um pouco confuso) Gritava o quanto era desejada e gostosa. Isso deve ter lhe rendido uns bons votos no consciente eleitorado Laurofreitense. Ela (ou ele!) Gritava de lá, e eu de cá também; “É isso mermo! Jogue duro! Miseravona!”
Isso me deixa tão tranqüilo!! Sei que as pessoas levam isso em conta na hora de votar.

Feliz aniversário Lauro de Freitas. Emancipação Política.
Fui embora pra minha casa.